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Para entender “Saberes do Semiárido”, é preciso ter uma visão da riqueza que os territórios e comunidades possuem — sejam elas culturais, produtivas, ancestrais, ambientais — e que muitas vezes são invisibilizadas pela sociedade. Diante da necessidade de manter seus modos de vida, as populações foram resistindo a uma série de influências impostas por um modelo hegemônico dominante, que dita padrões de consumo e comportamentos, principalmente pela influência da Revolução Verde, a partir da segunda metade do século 20. A nossa alimentação vem sendo cada vez mais patronizada pela imposição dos modelos agrícolas de grande escala, gerando uma série de consequências socioambientais: marginalização socioeconômica dos agricultores tradicionais e familiares, perda da segurança e soberania alimentar, contaminação das águas, erosão dos solos, desertificação e devastação das florestas. Destacam-se, assim, os perigos da chamada erosão genética, e demonstra-se que, com esse fenômeno, nos últimos cem anos, os agricultores perderam entre 90% e 95% de suas variedades agrícolas. Com a perda de espécies e variedades agrícolas, também se perde todo conhecimento que é associado à sua conservação, manejo agrícola, e usos (como alimentares e medicinais). Um dos fatores que mais influencia na perda de espécies e variedades é a padronização das sementes e do cardápio alimentar, que restringe tanto o plantio para as variedades comerciais, como a alimentação — simplificada nas mãos de empresas multinacionais. Para contrapor esse modelo, a Rede de Agricultores/ e agricultoras Agroecológicos/as e Solidários/as do território de Sobral, juntamente com a Rede de Feiras Agroecológicas e Solidárias do Ceará, por meio da assessoria técnica do Centro de Estudos do Trabalho e de Assessoria ao Trabalhador e à Trabalhadora (CETRA), têm buscado, ao longo dos anos, fortalecer o elo entre agricultores e consumidores por meio das feiras agroecológicas e solidárias e de espaços físicos de comercialização — locais que visibilizam a diversidade da agricultura familiar, aumentam a renda das famílias agricultoras, além de incentivar a produção agroecológica e conservação dos agroecossistemas. Estabelecer esse diálogo com a sociedade é importante para preservação da cultura e da memória social das comunidades e suas histórias que vêm sendo passadas geração a geração. Nesse sentido, o objetivo deste Catálogo de Produtos é mostrar a riqueza e diversidade alimentar, cultural e produtiva dos produtos comercializados em feiras e, principalmente, no Quiosque Agroecológico, espaço de comercialização localizado em Sobral (Ceará), para que consumidores e consumidoras possam conhecer e valorizar mais esse patrimônio, fortalecer os circuitos curtos e a construção de mercados sociais. Iniciativa que ocorre no âmbito da assessoria técnica do projeto Saberes do Semiárido, realizado pelo CETRA no território de Sobral com apoio do Programa Adaptando Conhecimento para a Agricultura Sustentável e Acesso a Mercados (AKSAAM) e financiamento do Fundo Internacional de Desenvolvimento Agrícola (FIDA). |
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