Resumen:
O espaço produtivo ampliado e “desordenado” no entorno da casa, denominado de quintal, sempre esteve presente na história da agricultura e por diferentes lugares desse planeta terra, como revelam estudos de Mazoyer e Roudart (2010), Oakley (2004), Koss (2000). Ainda, estudos antropológicos e arqueológicos, segundo Koss (2000), revelam que as primeiras práticas de agricultura foram atribuídas às mulheres. Galgani (2013). O quintal, além de garantir acesso às famílias a uma dieta saudável, percebe-se dimensões muitas vezes invisibilizadas, “não dita” de “justiça social, a consciência ecológica, a eficiência econômica e a cidadania política no semiárido cearense” (LEONEL, 2010, p.34) além de se constituir como dinâmica cotidiana de luta para garantir a reprodução da produção e da cultura camponesa. A produção de hortaliças ocorre em grande parte na agricultura familiar, sendo esta a responsável pela maior parte da produção de alimentos in natura do país. Os quintais produtivos, com base agroecológica, produzem diversas espécies olerícolas, gerando renda e alimentando de forma saudável a população rural e urbana. O policultivo praticado nos quintais mostra-se sustentável em diversos aspectos; quando observamos a diversidade e a estabilidade biológica, notamos baixa incidência de “pragas” e doenças nas plantas. Também percebemos como vantagem o escalonamento da produção, dividindo as atividades no tempo e resultando em colheitas o ano inteiro, o que diminui significativamente o risco econômico da atividade. O cultivo dos quintais produtivos surge como alternativa importante de produção para a agricultura familiar, pois a composição das plantas desse meio de produção é muito diversificada, com vários tipos de hortaliças, plantas medicinais e frutíferas, algumas com produção dos frutos no segundo semestre, período de maior escassez de água. O aspecto da convivência com o semiárido é evidenciado nessas áreas produtivas assistidas pelo Projeto Paulo Freire, pois uma boa parte dos projetos de quintais produtivos recebeu também o reuso de águas cinzas para reaproveitamento de águas provenientes de chuveiro, cozinha e lavanderia na irrigação, aumentando a produção e a capacidade de participação das famílias no comércio local, fornecendo seus produtos de qualidade e tornando a atividade sustentável.
