Resumen:
algodão foi durante muito tempo uma das principais culturas geradoras de renda e mão-de-obra no Semi-árido. Além dos aspectos relacionados com problemas de políticas econômicas e surgimento do bicudo (Anthonomus grandis) no início da década de 80, mudanças na matriz tecnológica e posterior aumento nos custos de produção promoveram a derrocada da cotonicultura do Semi-árido. Apesar do pólo produtivo ter migrado para a região dos Cerrados, Beltrão et al. (2009) destacam a região Semiárida como possuidora de condições edafoclimáticas favoráveis ao cultivo do algodão agroecológico. Além disso, as características das propriedades da região, ocupadas basicamente por agricultores familiares que cultivam roçados diversificadas e possuem a mão-de-obra familiar como fonte de trabalho, favorecem o cultivo do algodoeiro em bases ecológicas. Nos últimos anos, verificou-se uma forte demanda do mercado orgânico, entretanto, não têm havido aumento da oferta. De acordo como dados da Organic Exchange, na safra 2007/2008 foram produzidos 145.872 toneladas de algodão em fibra, sob manejo orgânico, em mais de 160 mil hectares cultivadas de 22 países. Isto representa um crescimento de 152% em relação a safra 2006/2007 (ORGANIC COTTON FARM AND FIBER REPORT, 2008). O Brasil conta com uma experiência de mais de quinze anos na produção, processamento e comercialização de algodão agroecológico, assessorada pelo ESPLAR - Centro de Pesquisa e Assessoria, ONG com sede em Fortaleza (SOUZA et al., 2005; SOUZA, 1998). No Semiárido brasileiro, tradicional área cotonícola, tem aparecido várias experiências de produção de algodão agroecológico, com venda para o mercado orgânico. Esse aumento da produção de algodão agroecológico no Nordeste inseriu o Brasil nas estatísticas mundiais do mercado de Algodão Orgânico. Em 2006 a produção foi de 36 toneladas de algodão em rama colhida por 304 agricultores familiares, atingindo em 2008, 154 toneladas produzidas por 470 famílias. Esses dados apontam para a possibilidade concreta da revitalização da cotonicultura, agora em bases sustentáveis como importante atividade econômica para a agricultura familiar do Semi-árido brasileiro. O algodão agroecológico é produzido em sistemas sustentáveis, mediante o manejo e a proteção dos recursos naturais, sem a utilização de agrotóxicos, organismos geneticamente modificados, adubos químicos ou outros insumos prejudiciais a saúde humana, animal e ao meio ambiente BELTRÃO, 2009).