Resumen:
Este trabalho versa sobre o pensar e o agir de Josué de Castro como forma de auxiliar na compreensão sobre os dilemas nacionais para lidar com o fenômeno da fome, sobretudo no Nordeste brasileiro. Ao lado do tema relativo às questões alimentares e à fome, Castro procurava destacar os aspectos fundamentais das possíveis estratégias de desenvolvimento. Seu pensamento ganhou relevância com a disseminação do debate sobre o desenvolvimento no âmbito nacional iniciado no final da década de 1940. O fio condutor do argumento do intelectual pernambucano passava pela defesa de um desenvolvimentismo social e humanista, antes que apenas focado no crescimento econômico. A partir da análise do pensamento político e social de Josué de Castro, busca-se identificar quais seus principais pressupostos analíticos, diagnósticos e estratégias desenvolvimentistas apresentadas com vistas à solução para o flagelo da fome, particularmente do Nordeste açucareiro, da Zona da Mata. Para o autor, essa região sofria os efeitos negativos de séculos de colonização ibérica pautada na exploração agrícola, no latifúndio e na monocultura. A pretensão é reconhecer através da obra Geografia da fome e do diálogo com outros intelectuais, o conteúdo da formulação de Castro, além de suas continuidades e inflexões referentes aos seus escritos ao longo de sua trajetória. Assim, a retomada do pensamento de Josué de Castro se mostra relevante não somente devido a sua importância socio-histórica, mas pelo motivo da persistência dos problemas e desafios para o desenvolvimento do Nordeste e do Brasil, os quais tornam atuais suas ideias e seus projetos.