Resumo:
A mulher, a comida, o trabalho e a cidade e suas inter-relações, sinalizando uma invisibilidade feminina, é o cerne deste estudo que se debruça sobre o cotidiano vivenciado por mulheres que produzem e comercializam alimentos nas vias públicas do Recife. Foram analisadas as estratégias e atividades desenvolvidas pelas atrizes sociais, que ocupam o espaço urbano e constroem significados ao reproduzir uma condição ancestral de labor a céu aberto, o arruar e mascatear em suas quitandas contemporâneas nas ruas dos bairros de São José e Santo Antônio, na cidade do Recife, em Pernambuco, Nordeste do Brasil. A metodologia desta pesquisa inicia-se com a busca da historicidade das quitandas no Brasil, seguida da seleção do corpus a ser observado qualitativamente. Objetiva-se apresentar as redes de relacionamentos familiares destas mulheres comerciantes ambulantes e entender como se relacionam com a estrutura subjetiva que permeia a ocupação e uso de vias urbanas. A coleta realizada com entrevistas semi estruturadas da investigação participante trouxe subsídios à análise dos conteúdos em categorias e, conclusivamente, percebe-se uma histórica e persistente invisibilidade feminina.