Resumen:
Durante os dias em que estive em jejum e oração em Sobradinho-BA, tive a oportunidade de
conhecer a cartilha: “No Semi-árido Viver, é Aprender a Conviver”, de autoria de Cícero Félix dos
Santos, da CPT, Haroldo Schistek, do IRPAA e Maria Oberhofer, também do IRPAA.
Chamou-me atenção por vários aspectos:
1. A abordagem histórica e geográfica muito bem caracteriza o Semi-árido Brasileiro no
espaço e no tempo. Suas vicissitudes históricas e suas implicações geográficas, levando
em conta a formação étnica de seu povo, sua cultura e costumes lentamente construídos.
2. A realidade do Semi-árido, as riquezas que possui, as dificuldades que traz para o convívio
humano e suas imensas potencialidades. O Semi-árido é um mundo próprio, identificado,
com imensas possibilidades e limitações. É necessário conhecer sua vocação para melhor
conviver com ele.
3. O estudioso Manoel Bonfim em seu livro “Potencialidades do Semi-árido” nos fala sobre o
grande potencial econômico do Semi-árido Brasileiro quando suas terras são utilizadas de
maneira racional, obedecendo a sua vocação própria. A possibilidade imensa de trabalho e
obtenção de renda a partir da:
- pscicultura em nossos rios e grande número de açudes;
- apicultura, pela imensa floração de espécies vegetais;
- caprinocultura que tão bem se adapta á nossa condição climática;
O aproveitamento de espécies vegetais como;
- cultivo do umbu – espécie ainda pouco conhecido e explorada com seus frutos saborosos,
aproveitáveis para doces e sucos;
- cultivo do caju – espécie nativa de alto valor nutricional, fruto em que tudo se aproveita:
castanha e polpa;
- cultivo da carnaúba – extração da cera que tem grandes possibilidades industriais e
comerciais;
- fibras vegetais – como o sisal, o caroá, a macambira e outros, tão abundantes ainda.
4. A necessidade de armazenamento de água tão abundante no período das chuvas, através de
cisternas, açudes de pequeno, médio e grande porte.
Uma vez bem colhida e armazenada, é mais do que suficiente para o consumo humano e
animal durante todo o ano. O Semi-árido possui água em abundância. O importante é saber
conservá-la e distribuí-la de maneira justa e eqüitativa.
5. O valor e a importância de economia familiar em todo semi-árido. O incentivo ao uso
racional de terra e da água superando a concentração em poucas mãos. A importância de se
colocar em prática os conhecimentos sobre tecnologias apropriadas a região semi-árida.
Políticas públicas que venham ao encontro ao uso racional de terra e da água e da
convivência com o Semi-árido.
A seca faz parte de nossa realidade. Não se luta contra a seca, mas se aprende a conviver com ela.
Desde que se tenha acesso à terra e o uso racional e inteligente da água, o Semi-árido é um lugar
para se viver muito bem como em qualquer outro lugar do planeta.
Muito agradecemos a Cícero, Haroldo e Maria por essa importante contribuição para um melhor
conhecimento do Semi-árido Brasileiro e a maneira de bem conviver com essa importante e rica
porção de nosso Brasil.